quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Professor André Eveling de Miranda A Biodiversidade e o alerta nos oceanos

O problema do declinio da biodiversidade não afeta somente os ecossistemas terrestres. Ele é alarmante também nos oceanos, nos quais as populações de peixes e outras espécies marinhas, como os crustáceos, podem entrar em colapso até meados do século XXI, caso a pesca intensiva e a destruição de habitats continuem no mesmo ritmo.
Relatório divulgado por especialistas na revista científica SCIENCE adverte que mais de 40% da superficíe oceânica está sobre forte pressão das atividades humanas e corre sério risco de se transformar em deserto biológico.
Os cientistas chamam atenção não somente para a pesca intensiva facilitada pelos avanços tecnológicos, que permitem capturas de peixes menores e em águas mais profundas, mas para a poluição e acidificação dos oceanos.
O homem está lançando nos mares e oceanos, além de efluentes industriais e esgotos domésticos, grandes quantidades de nutrientes originados em fertilizantes usados na agricultura e levados para os rios pelas chuvas. Além disso, o lixo formado por produtos plásticos, como garrafas e embalagens, vai parar no estômago de animais marinhos, que morrem sufocados.
Os estudos mostram que os oceanos apresentam mais de 400 zonas mortas, com baixos níveis de oxigênio na água e praticamente a extinção da vida marinha.
Estima-se que as populações de peixes grandes e mais lucrátivos para a pesca comercial, como o atum, o bacalhau, o peixe espada e o peixe agulha, tenham diminuido até 90% no último século.
Mais de 70% dos recursos pesqueiros encontram-se esgotados ou já excederam seu limite sustentável. No Brasil, as maiores vítimas são o cação e o mero, além da popular sardinha, que está cada vez mais rara, e da lagosta, que, no passado, era muito frequente no litoral nordestino.
A pesca excessiva e a destruição dos manguezais, nos quais se localizam as mais importântes fontes de alimento dos peixes, estão entre as principais causas das perdas das espécies brasileiras.




terça-feira, 11 de outubro de 2011

Os recursos hídricos do Brasil

Os números sobre os recursos hídricos do Brasil são um exagero. Os rios que cortam o Brasil carregam 12% do total de água doce superficial do Planeta - o dobro de todos os rios da Austrália e Oceania, 42% a mais que os da Europa e 25% a mais que os do continente Africano. Mesmo contando com épocas de seca,em que os rios reduzem muito sua vazão, temos água para satisfazer as necessidades do país por 57 vezes. Com todo esse volume, seria possivel abastecer a população de mais 5 planetas Terra - 32 bilhões de pessoas -, com 250 litros de água para cada um por dia. Mas, como ocorre em outras partes do mundo, aqui também os recursos hídricos são mal distribuidos: 74% de toda água brasileira está concentrada na Amazônia, onde vivem apenas 5% da população. Uma característica que as bacias tem em comum: todas sofrem algum tipo de degradação por causa da ação do homem.
A fim de gerenciar os recursos hídricos brasileiros, a Agência Nacional das Águas (ANA) divide o país em 12 bacias. É com base nessa divisão que o governo federal calcula e gerencia a relação entre oferta e a demanda de água no país. A gestão da rede hídrica nacional é fundamental para evitar a destruição dos recursos naturais e a repetição dos episódios de racionamento e blecaute que afetaram algumas regiões do país mais de uma vez. A cada segundo o Brasil retira de seus rios somente 3,4% da vazão total. Mas apenas pouco mais da metade disso é efetivamente aproveitada e não retorna as bacias.
A região hidrográfica que mais consome água é a do rio Paraná, responsável por 23% do total. Na região atlântico nordeste oriental, onde a maioria dos cursos de água é intermitente, as retiradas superam a disponibilidade hídrica. Em algumas localidades, a água disponivel por habitante não supera os 500 metro cúbicos por ano.
Isso significa que cada cidadão da região sobrevive com um volume de água equivalente a um terço do volume que caracteriza o estresse hídrico, segundo a ONU: 1,7 mil metros cúbicos por ano. Como ocorre no restante do mundo, a maior parcela da água consumida no país vai para a agricultura.
Aparentemente, sabemos tirar proveito da nossa riqueza hídrica. Mas ainda não sabemos gerenciar adequadamente esses recursos, de modo a preservar sua quantidade e qualidade. Exemplo disso é o que ocorrenas regiões hidrográficas Tocantins-Araguaia e do Paraguai.
A generosíssima oferta de água transforma a região Centro-oeste numa potência agopecuária. Ao mesmo tempo, o avanço das fronteiras agricolas provoca imensos desmatamentos na floresta Amazônica, alterando o regime das chuvas, comprometendo o regime das chuvas, comprometendo a vazão dos rios e sobrecarregando os recursos naturais do Pantanal.

   

A Água - O mundo com sede

A natureza pode ser irônica quando responde às agressões causadas pelo homem. Exemplo disso é a relação da humanidade com a água, o liquido mais abundante da Terra. tratamos tão mal nosso Planeta que acabamos nos colocando numa realidade catastrófica, de dupla face: ao mesmo tempo que corremos o risco de afogar nossas cidades sob água salgada do mar, padecemos da falta de água doce. De um lado está o aquecimento global, com o consequente derretimento das geleiras e a elevação do nivel dos mares, que ameaça desalojar bilhões de habitantes das zonas litorâneas. De outro, há o esgotamento das reservas de água potável do Planeta. Em outras palavras, estamos chegando à mesma situação extrema de um náufrago, que se vê com água por todos os lados, mas sem nenhuma gota para beber.
Relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) repetem o diagnóstico cada vez mais alarmante: mais de 1 bilhão de pessoas - equivalente a 18% da população mundial - não tem acesso a uma quantidade mínima aceitável de água potável, ou seja, água segura para o consumo humano. Se nada mudar no padrão de consumo, dois terços da população do Planeta em 2025 - 5,5 bilhões de pessoas - poderão não ter acesso à água limpa. E, em 2050, apenas um quarto da humanidade vai dispor de água para satisfazer suas necessidades básicas. A escassez de água não ameaça apenas com sede. Traz a morte na forma de doenças. Segundo a ONU, 1,7 bilhão de pessoas não tem acesso a sistemas de saneamento básico e 2,2 milhões morrem a cada ano em todo o mundo por consumir água contaminada e contrair doenças como diarréia e malária.
Aágua potável é um bem raro por natureza. Quase 97,5% da agua que cobre a superfície da Terra é salgada. Dos restantes 2,5%, dois terços estão em estado sólido, nas geleiras e calotas polares - de dificil aproveitamento. A maior parte da água em estado liquido encontra-se no subterrâneo, lagos, rios e lençóis freáticos menos profundos são apenas 0,26% de toda água potável. É dessa pequena fração que toda a humanidade (e boa parte da flora e fauna) depende para sobreviver. É claro que, a princípio, fontes não deveriam esgotar-se, com o ciclo da água garantindo a permanente renovação do volume de rios, lagos e lençóis freáticos por meio das chuvas, originadas pela evaporação dos mares. A água está em eterna reciclagem, há bilhões de anos. A questão é o descompasso entre o tempo necessário para essa renovação e o ritmo que exploramos os recursos hídricos.  

    

Aos que curtem natureza, em defesa do nosso Planeta - GEOGRAFIA CIÊNCIA DA TERRA