O problema do declinio da biodiversidade não afeta somente os ecossistemas terrestres. Ele é alarmante também nos oceanos, nos quais as populações de peixes e outras espécies marinhas, como os crustáceos, podem entrar em colapso até meados do século XXI, caso a pesca intensiva e a destruição de habitats continuem no mesmo ritmo.
Relatório divulgado por especialistas na revista científica SCIENCE adverte que mais de 40% da superficíe oceânica está sobre forte pressão das atividades humanas e corre sério risco de se transformar em deserto biológico.
Os cientistas chamam atenção não somente para a pesca intensiva facilitada pelos avanços tecnológicos, que permitem capturas de peixes menores e em águas mais profundas, mas para a poluição e acidificação dos oceanos.
O homem está lançando nos mares e oceanos, além de efluentes industriais e esgotos domésticos, grandes quantidades de nutrientes originados em fertilizantes usados na agricultura e levados para os rios pelas chuvas. Além disso, o lixo formado por produtos plásticos, como garrafas e embalagens, vai parar no estômago de animais marinhos, que morrem sufocados.
Os estudos mostram que os oceanos apresentam mais de 400 zonas mortas, com baixos níveis de oxigênio na água e praticamente a extinção da vida marinha.
Estima-se que as populações de peixes grandes e mais lucrátivos para a pesca comercial, como o atum, o bacalhau, o peixe espada e o peixe agulha, tenham diminuido até 90% no último século.
Mais de 70% dos recursos pesqueiros encontram-se esgotados ou já excederam seu limite sustentável. No Brasil, as maiores vítimas são o cação e o mero, além da popular sardinha, que está cada vez mais rara, e da lagosta, que, no passado, era muito frequente no litoral nordestino.
A pesca excessiva e a destruição dos manguezais, nos quais se localizam as mais importântes fontes de alimento dos peixes, estão entre as principais causas das perdas das espécies brasileiras.