segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O Brasil e a COP 17 Africa do Sul.



COP-17 começa na África do Sul e busca avançar na renovação do Protocolo de Kyoto

28/11/2011 às 21h33
Começou nesta segunda-feira (28), em Durban, na África do Sul, a 17ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 17). O evento prossegue até 9 de dezembro, no International Convention Centre (ICC) e no Durban Exhibition Centre (DEC). A última reunião do gênero foi realizada em Cancún, no México, em 2010.
O negociador brasileiro enviado a Durban é o embaixador André Corrêa do Lago. O objetivo das discussões é buscar avançar, de forma equilibrada, na implementação da Convenção e do Protocolo de Kyoto (adotado em 1997, durante conferência na cidade japonesa de mesmo nome); bem como no Plano de Ação de Bali, que foi acordado na COP 13, em 2007; além dos Acordos de Cancun, alcançados durante a COP 16, em dezembro do ano passado.
Mais de 20 mil delegados e observadores de quase 200 países, organizações internacionais e representantes da sociedade civil tentarão estabelecer um novo acordo global para redução dos gases causadores do efeito estufa, já que o Protocolo de Kyoto expira em 2012.
Esse protocolo é considerado atualmente, pelos especialistas em meio ambiente, como o único acordo climático consistente, em que a maioria dos países desenvolvidos se compromete a ter metas de redução das emissões, com exceção dos Estados Unidos, que nunca ratificaram o acordo.
Outro ponto da agenda prevista é a normatização do funcionamento do “fundo verde”, mecanismo de financiamento de ações de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas nos países pobres. Uma das propostas é de que sejam alocados US$ 100 bilhões por ano no fundo até 2020. No entanto, ainda não há definição sobre quais países devem pagar esses recursos e quais devem recebê-los.
Brasil cria site oficial sobre conferência
O governo brasileiro lançou, nesta segunda-feira, um novo website http://www.brasil.gov.br/cop17) dedicado à participação brasileira na conferência.
O site está disponível em inglês e espanhol e apresenta informações diárias sobre o evento assim como a posição brasileira adotada nas negociações e também as ações nacionais de voltadas à redução de emissão de gases de efeito estufa e também à adaptação às mudanças do clima.
Os interessados podem também acompanhar notícias sobre o Brasil na COP 17 pelo Twitter (@brazil_portal) e Facebook  (www.facebook.com/BrazilCop17).


Rio de Janeiro – Para o bem ou para o mal, o Brasil foi um dos personagens centrais da COP-17, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que termina nesta sexta-feira (9) em Durban, na África do Sul. Se na semana passada a postura dos negociadores brasileiros foi discreta e o país foi alvo de muitas críticas - por conta da eminência da aprovação do Código Florestal no Senado -, o que se viu na segunda metade da conferência foi um Brasil mais disposto a avançar as negociações em busca de uma seqüência para o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
Essa mudança de postura começou a se desenhar quando o Brasil anunciou seu apoio à proposta da União Europeia, que fixa 2015 como limite para que se chegue a um novo acordo para substituir Kyoto, com vinculação obrigatória de todos os países - ricos e emergentes - e entrada em vigor prevista para 2020. A proposta europeia, que, na prática, sugere uma extensão dos atuais termos do Protocolo até 2015 mesmo com a anunciada saída de Canadá, Japão e Rússia, parece ser a mais concreta possibilidade de destrave das negociações climáticas em Durban.
"Acreditamos que é necessário um segundo período para o Protocolo de Kyoto", afirma o negociador-chefe da delegação brasileira, Luiz Alberto Figueiredo. Segundo o diplomata, existem duas possibilidades de desfecho para a COP-17: "Podemos sair de Durban com um documento que contenha uma série de intenções de redução voluntária das emissões, e que não sabemos se será efetivamente cumprido pelos países, ou adotando um modelo similar a Kyoto, no qual todos estão submetidos a um mesmo conjunto de regras. O Brasil prefere a segunda opção".
Para essa segunda fase de Kyoto, o Brasil assumiu pela primeira vez o compromisso de adotar metas obrigatórias de redução de suas emissões de gases provocadores do efeito estufa. O anúncio foi feito em Durban pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira: "O Brasil irá trabalhar para que possamos negociar um novo instrumento legalmente vinculante, baseado nas recomendações da ciência e que inclua todos os países para o período imediatamente pós 2020", disse a ministra.
A postura do Brasil teve o efeito imediato de mudar o discurso da China. Também pela primeira vez os chineses admitiram assumir metas obrigatórias, desde que outros países também o façam: "Todos os países devem assumir responsabilidades e obrigações, de acordo com suas próprias capacidades. Se isso acontecer, a China pode tomar parte", disse o negociador chinês Xie Zhenhua. Alguns críticos afirmam que a posição chinesa não passaria de um jogo de cena, uma vez que o país apresenta uma série de condicionantes para que possa assumir metas de redução de suas emissões. A maior delas, que é a adesão dos Estados Unidos a um acordo vinculante, parece distante de acontecer.

Atrair os EUA

Chefe da delegação dos EUA na COP-17, Todd Stern não deu sinais de que seu país possa assumir qualquer compromisso internacional antes de votar internamente sua lei climática. Isso, por sua vez, não deve acontecer antes das próximas eleições presidenciais. Stern, no entanto, afirma que, em tese, os EUA participariam de um acordo mais amplo: "Para se chegar a um acordo legalmente vinculante é fundamental que todos os grandes emissores estejam comprometidos. Os EUA não se opõem, mas teria de ser um acordo a que todos os países, ricos ou não, aderissem sem impor condições para receber tecnologia e financiamento".
O discurso de Stern mostra a dificuldade para atrair os EUA a um acordo concreto, uma vez que o financiamento às ações de combate às mudanças climáticas, por intermédio do Fundo Climático Verde, é a principal reivindicação dos países pobres para que possam assumir metas de redução.
Entretanto, para aproveitar a porta entreaberta no discurso norte-americano, foi criado pela presidente da COP-17, a chanceler sul-africana Maite Mashabane, um grupo de "países facilitadores", liderado pelo Brasil, para tentar conquistar o apoio dos EUA para a proposta da União Europeia.
Nos últimos dois dias de conferência, os negociadores brasileiros Luiz Alberto Figueiredo e André Corrêa do Lago se reuniram por diversas vezes com Todd Stern em uma negociação que mantém o resultado final da COP-17 em suspenso. Informações vindas de Durban garantem que uma reviravolta ainda é possível, com a adesão dos EUA à proposta da UE. O resultado final da conferência deve ser anunciado nas primeiras horas de sábado (10).

Críticas

Apesar da desenvoltura do governo brasileiro na reta final da conferência, a postura do Brasil foi denunciada como "farsa" por diversas organizações do movimento socioambientalista presentes à COP-17. Após a aprovação pelo Senado das mudanças no Código Florestal, cerca de 30 ONGs brasileiras reunidas no Observatório do Clima divulgaram um manifesto no qual afirmam que o novo Código é incompatível com as metas voluntárias de redução - entre 36,1% e 38,9% até 2020 - anunciadas pelo Brasil na COP-16, realizada no ano passado em Cancún (México).
"Infelizmente, nós estamos prestes a ver o Brasil dar o passo para trás mais grave em matéria de proteção da floresta nas últimas décadas. Ouvimos com desapontamento nosso governo afirmar na COP-17 que o novo Código Florestal ajudará o Brasil a cumprir suas metas de redução de emissões. Infelizmente, a verdade é que essas mudanças levarão à destruição maciça de nossas florestas e ao aumento da emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera", diz o documento.
O manifesto é assinado por organizações como Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), WWF Brasil, Greenpeace Brasil e Fundação Vitae Civilis, entre outras.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Florestas Tropicais e Mineração processo de degradação ambiental

Ouro, cobre, diamantes e outras pedras e metais preciosos são importantes recursos que são encontradas em florestas tropicais em todo o mundo. Extraindo esses recursos naturais são muitas vezes uma atividade destrutiva que prejudica o ecossistema da floresta e causam problemas para as pessoas que vivem nas proximidades do garimpo. Na floresta Amazônica, a maior parte do garimpo hoje em dia gira em torno de dépositos cheio de ouro. Devido à natureza sinuosa do rios Amazonas, o ouro é encontrado tanto em canais fluviais quanto em planícies onde os rios uma vez correram. Estes depósitos são ativamente minadas por operadores de larga escala e informal, de mineiros de pequena escala. Ambos os operadores dependem fortemente na técnica de mineração hidráulica, explosão dos bancos dos rios, apuramento das florestas várzeas, e utilizando maquinaria pesada para expor potencial cascatas de ouro. O ouro normalmente é extraído desses cascalhos usando uma comporta para separar sedimentos pesados e mercúrio para sintetizar o metal precioso. Enquanto a maior parte do mercúrio é removido para reutilização ou queimação, alguns podem acabar nos rios. Estudos constataram que a pequena escala de mineiros são menos eficientes com a utilização de mercúrio superior à mineiros industriais, liberando uma estimativa de 2,91 libras (1,32 kg) de mercúrio nas vias navegáveis para cada 2,2 quilos (1 kg) de ouro produzido. Embora não haja um consenso científico sobre a contaminação do mercúrio na Amazônia, de acordo com o biólogo Michael Goulding, há indícios de mercúrio causando problemas em outros ecossistemas. Elemental ou inorgânico o mercúrio pode ser transformado (methylated) em formas orgânicas pelos sistemas biológicos e entra cadeias alimentares. Não só são os methylated mercúrio compostos tóxicos, mas muito bioacumuláveis, o que significa que a concentração de mercúrio aumentam a cadeia alimentar. Top predadores, incluindo as lontras, aves de rapina, e os seres humanos, terão os mais altos níveis de mercúrio em seus sistemas. Aqueles que comem grandes quantidades de peixes estão em maior risco.


Localização da Mina de Grasberg.

Uma bagunça gigante em Nova Guiné

Feeport-McMoRan, com sede em Nova Orleans, tem explorado o Monte Ertsberg ouro, prata, e mina de cobre em Irian Jaya, na Indonésia, há mais de 20 anos e convertida em uma montanha a 600 metros-buraco. Como foi documentado pelo New York Times e dezenas de grupos ambientalistas, a empresa mineira tem despejado terríveis quantidades de resíduos em córregos locais, vias navegáveis e zonas húmidas tornando-as "impróprias para a vida aquática." Apoiando-se nos grandes pagamentos aos funcionários militares, a exploração mineira é protegida por um exército privado virtual que tem sido implicados na morte estimados de 160 pessoas entre 1975 e 1997 na área da mina.

Freeport estima que ela gera 700.000 toneladas de resíduos por dia e que os resíduos das rochas armazenados no topo - em lugaes de 900 metros de profundidade, agora cobrem cerca de três milhas quadradas. As pesquisas do Governo descobriram que rejeitos das minas têm produzido níveis de cobre e sedimentos tão elevados que quase todos os peixes desapareceram cerca de 90 milhas quadradas das zonas húmidas da operação.

Freeport - Os abusos ambientais e práticas questionáveis de direitos humanos foi provado um desafio já que a mina é uma das maiores fontes de renda para o governo Indonésio. Um cientista do governo indonésio escreveu que "a produção da mina era tão grande, e ferramentas regulatórias tão fracas, que era como" pintar nas nuvens' para persuadir Freeport a cumprir com os pedidos do ministério para reduzir os danos ambientais ", de acordo com um artigo de New York Times.

Para mais informações, de uma olhada no artigo "Abaixo da Riqueza da Montanha, um Rio de Resíduos"New York Times. O artigo foi escrito por JANE PERLEZ e RAYMOND BONNER.
Outros compostos tóxicos são utilizados e também são gerados no processo da mineração. Mineração expõe o sulfeto metálico que foi previamente enterrado ao oxigênio atmosférico, causando sua conversão ao forte ácido sulfúrico e óxidos metálicos, que se deslocam para locais navegáveis. Óxidos tendem a ser mais solúveis em água e contaminam os rios locais com metais pesados.

Cianeto, um composto altamente tóxico, também é frequentemente utilizado para separar o ouro dos sedimentos e das rochas. Enquanto o cianeto é suposto ser cuidadosamente monitorizados para impedir a sua fuga para o ambiente ao redor, derrames acontecem, especialmente quando há ninguém em volta para cumprir os regulamentos da mina. Os efeitos da intoxicação podem ser generalizados, especialmente quando uma piscina detentor de resíduos transborda ou quebra, como já o fez no Brasil, em Agosto de 1995.

O derrame na Guiana fez manchetes internacionais pela sua magnitude - mais de bilhão de galões (quatro mil litros), do cianeto- despejou resíduos de água em um afluente do Essequibo- e os seus efeitos, causando generalizada morte de espécies aquáticas e terrestres, plantas e animais, envenenamento dos solos várzeos utilizados para a agricultura, poluindo a principal fonte de água potável para milhares de pessoas, e alcançaram um rude golpe para a indústria nascente de eco-turismo no rio. A mina, gerido pela Golden Star Recursos de Denver e Cambior de Montreal, primeiro tentou encobrir o derramamento através do enterramento dos cadáveres dos peixes. Seis dias depois do derrame, após moradores locais ter encontrado animais mortos, a mina relatou o acidente para o governo da Guiana. Apesar dos danos causados pelo derrame, o governo concedeu mais concessões mineiras no Rio Novo logo depois.

Grande escala de explorações mineiras, em especial aquelas que utilizam técnicas de minas a céu aberto, podem resultar em significativo desmatamento da floresta através da apuração e da construção de estradas que abrem remotas áreas florestais para colonos passageiros, especuladores de terra, e garimpeiros de pequena escala. Estes colonos e mineiros são provavelmente uma maior ameaça para o ambiente da floresta tropical do que indústrias de operações garimperias. Garimpeiros Selvagens entram em regiões conhecidas por ter depósito de ouro, e apuram a floresta em busca de riquezas. Eles caçam animais selvagens, cortam árvores para material de construção e lenha, e acionam erosões apurando encostas e detonando explosivos. Mineiros também podem trazer doenças para as populações indígenas locais (onde eles ainda existem) e batalhas por direito de terra. Um exemplo bem documentado é o conflito entre os índios Yanomani do Norte Brasil e Venezuela e garimpeiros - garimpeiros clandestinos brasileiros. Relatórios indicam que a população de Yanomani têm diminuído significativamente desde a primeira incursão dos mineiros na década de 1980.

Enquanto o desmatamento e a poluição química gerados pela mineração podem ter um grande impacto no meio ambiente florestal, os habitats aquáticos estão piorando. Aumento nas cargas de sedimento e redução dos fluxos de água podem afetar seriamente a população de pescadores locais.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O que é ilhas de calor?

Ilha de calor

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ilha de calor (ou ICU, ilha de calor urbana) é a designação dada à distribuição espacial e temporal do campo de temperatura sobre a cidade que apresenta um máximo, definindo uma distribuiçao de isotermas que faz lembrar as curvas de nível da topografia de uma ilha, dai a origem do nome ilha de calor. Há um contraste térmico entre a area mais urbanizada e menos urbanizada ou periférica, que inclusive pode ser area agrícola. Alterações da umidade do ar, da precipitação e do vento também estão associadas à presença de ilha de calor urbana. Em geral, nas cidades de latitudes médias e altas (onde o clima é mais frio) forma-se durante a noite, em associação com o estabelecimento de uma circulação tridimensional na camada limite urbana (CLU) cujo ramo inferior ocorre na forma de um fraco escoamento centrípeto chamado brisa urbana, com intensidade da ordem de 1 a 3 km/h. A origem das ilhas de calor decorre da simples presença de edificações e das alterações da paisagem feitas pelo homem nas cidades. A superfície urbana apresenta particularidades em relação à menor capacidade térmica e densidade dos materiais utilizados nas construções urbanas: asfalto, concreto, telhas, solo exposto, presença de vegetação nos parques, ruas, avenidas, bulevares e também, alterações do albedo (reflexão das ondas curtas solares) devido às sombras projetadas das construções e à impermeabilização da superfície do solo que implica aumento da velocidade do escoamento superficial da água de chuva e maior risco de cheias das baixadas, varzeas etc.
O efeito de ilha de calor nos países de latitudes médias (frios ou temperados) é mais marcado no período noturno, e a sua intensidade é função não linear da população urbana.

Índice

 [esconder

[editar] Ilhas de calor nas cidades tropicais

Nas cidades de latitudes subtropicais e tropicais devido a alta intensidade da radiação solar incidente as ilhas de calor urbanas ocorrem durante o dia, agravando a sensação e o desconforto devido a elevação da temperatura e à redução da umidade relativa do ar. Nas cidades de clima frio (nas latitudes médias e altas), a ICU tem ocorrência noturna, o que é mais favorável para o conforto térmico da população durante as noites, reduzindo a necessidade de sistemas de ar condicionado para aquecimento noturno.
Com base em analise de imagem termal de satélite ambiental, a cidade de São Paulo apresenta temperatura da superfície (skin temperature ou temperatura radiativa da superfície) no centro da conurbação urbana de até 10 graus Celsius maiores que as temperaturas registradas em lugares arborizados.[1] isso aliado a medições feitas, principalmente pela prefeitura, através do CGE(Centro de Gerenciamento de Emergências), mostra que a cidade de São Paulo é uma intensa ilha de calor.

[editar] Brisa urbana e precipitação

A brisa urbana carrega o ar mais fresco e úmido da região periférica para o centro urbano, tentando restabelecer as condições mais amenas da temperatura e umidade relativa do ar, e ao mesmo tempo concentra a umidade no topo do domo térmico da CLU, levando a formação de nuvens, e a possibilidade de precipitação convectiva sobre os centros urbanos mais aquecidos (principalmente nas cidades tropicais).

[editar] Ilhas de calor e arquitetura urbana

O protótipo geométrico definido pelas construções e ruas da cidade do século XIX e XX é o chamado Cânion Urbano, correspondente à cavidade de ar acima das ruas, limitado lateralmente pelas paredes das edificações. A parte superior da cavidade do cânion urbano é aberta para o céu permitindo apenas a entrada e saída limitada da radiação solar durante o dia e a saída limitada da radiação infravermelha (ao longo de todo o dia).
Os materiais que constituem as superfícies urbanas (ruas, prédios, telhados, parques, etc.) apresentam características de reflexão e emissão de radiação térmica diferenciadas em relação às mesmas das áreas rurais e paisagens naturais (florestas, bosques ou um lago por exemplo).

[editar] Efeitos das ilhas de calor

As ilhas de calor urbanas são fenômenos microclimáticos favoráveis ao aumento da temperatura no inverno nas cidades de latitudes médias, mas provocam muito desconforto nas cidades de clima tropical e quente.
A ilha de calor é um fenômeno também caracterizado pelo aumento da precipitação convectiva (tempestades associadas a nuvens tipo Cumulonimbus ou Cb) sobre a área urbana ou a sotavento desta (isto é, para onde o vento arrasta o convectivo).
As ilhas de calor agravam as ondas de calor (canículas) com consequências sobre o aumento da mortalidade de idosos e doentes que apresentem redução em sua capacidade de termorregulação corpórea e de percepção da necessidade corpórea de hidratação (idosos e pacientes com doenças mentais ou de mobilidade). Uma canícula muito intensa se abateu na Europa em 2003. A população da França foi muito atingida e mais de 1500 pessoas morreram nos dias de forte calor, principalmente nas metrópoles, entre os dias 3 e 14 de outubro de 2003 (Ref.: Abenhaim, 2003).

[editar] Causa das ilhas de calor

Existem várias causas que explicam a formação de ilha de calor nas cidades, as quais veremos a seguir:
efeitos da poluição do ar: o efeito de interação entre a radiação e a poluição atmosférica constituída de partículas e de diferentes gases, como os gases do efeito estufa (CO, CO2, NOx, O3, hidrocarbonetos, entre outros) provoca alterações locais no balanço de energia e radiação que podem ser associadas à formação das ilhas de calor urbanas. Uma série de reações químicas e fotoquímicas podem ocorrer em ambiente urbano poluído. Notavelmente, as reações fotoquímicas associadas à química dos sulfatos e nitratos envolvendo a radiação ultravioleta solar está associada à formação do ozônio, um gás altamente reativo e tóxico. O aumento da irradiância de onda longa da atmosfera em direção às superfícies urbanas associada ao aumento da concentração dos gases do efeito estufa sobre as cidades (C02, metano) modifica o balanço de energia (radiação e fluxos de calor) da superfície e da atmosfera.
fontes antrópicas de calor: Emissões antrópicas de calor e umidade associadas à queima de combustíveis fósseis, ar condicionado, entre outras podem contribuir em muito para o maior aquecimento urbano.
mudanças no balanço de radiação: O aprisonamento da radiação solar e infravermelha associada ao balanço local do fluxo radiativo sobre as superfícies dos chamados cânions urbanos. O efeito da geometria do cânion urbano é alterar o albedo urbano como um todo de forma a aumentar a absorção de radiação solar vísivel, com consequente aumento da temperatura. Como consequência tem-se um decréscimo da perda de radiação infravermelha pelos cânions urbanos (cavidades) associada à altura dos prédios e à redução da largura das vias (ruas).
Efeito da redução das áreas verdes: Decréscimo da evapotranspiração pela impermeabilização das superfícies urbanas e redução de áreas verdes nas cidades. A reduzida fração de área vegetada em áreas fortemente urbanizadas diminui a extensão das superfícies de evaporação (lagos, rios) e de evapotranspiração (parques, bosques, jardins, bulevares). Assim, as atividades humanas alteram os microclimas urbanos e as condições de conforto ambiental das cidades. A impermeabilização dos solos devido à pavimentação e desvio da água por bueiro e galerias, o que reduz o processo de evaporação e evapotranspiração urbana, modificando o balanço hídrico da superfície urbana podendo aumentar a vulnerabilidade da população a enchentes e deslizamentos de terra.
Uso de materiais muito absorvedores da radiação solar (de baixa refletividade): Maior acumulação de calor durante o dia devido as propriedades de absorção pelos materiais utilizados na construção da cidade (ou urbanização) e sua emissão durante o período noturno. Há balanços de energia e água particulares sobre as áreas urbanizadas, que diferem dos respectivos balanços sobre paisagens naturais ou pouco modificadas. Redução do albedo por devido à geometria dos cânions urbanos e aos sombreamento dos edifícios e elementos da cidade.
Redução do fator de visada do céu pelos cânions urbanos: Decréscimo da perda de radiação infravermelha pelos cânions urbanos (cavidades) associada à redução do céu visível a partir das paredes dos prédios e das vias. O cânion urbano provoca o aprisionamento de parte da radiação solar que entra pelo topo do cânion através de reflexões múltiplas da luz nas paredes. Essas reflexões múltiplas também ocorrem com a radiação de onda longa (infravermelha sendo emitida pelas paredes internas do cânion, reduzindo a perda de calor por radiação para o espaço (atmosfera).
Devido a esses fatores, o ar atmosférico na cidade é mais quente que nas áreas que circundam esta cidade. O que define um domo térmico associado à Camada Limite Urbana.

[editar] Notas e referências

  1. LOMBARDO, M.A. Ilha de Calor nas Metrópoles: O exemplo de São Paulo – São Paulo: HUCITEC, 1985.
  • OKE, Timothy R., 1987: Boundary layer climates. London: Methuen, C1978, 372 pp, 24 cm. (Livro-texto, manual).
  • HENDERSON-SELLERS, Ann, and P. ROBINSON, 1999 (segunda edição): Contemporary Climatology (2nd Edition). Paperback: 344 pages. Publisher: Prentice Hall; 2 edition (May 6, 1999). Language: English. ISBN 0582276314. ISBN 978-0582276314.(Livro-texto, manual).
  • BRIDGMAN H. A. and J. E. OLIVER, 2006: The global climate system - Patterns, processes, and teleconnections. Cambridge, ISBN 978-0-521-82642-6, including in Chapter 7: Urban impacts on climate an essay of Prof. Dr. Sue GRIMMOND about variability of urban climates. 331 pp.
  • ABENHAIM, L., 2003: Canicules - La santé publique en question. Fayard. 267 pp. Em francês.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ALUVIÃO - ASSOREAMENTO - DESLIZAMENTO DE TERRA

aluvião é um depósito de sedimentos clásticos (areia, cascalho e/ou lama) formados por um sistema fluvial no leito e nas margens da drenagem, incluindo as planícies de inundação e as áreas deltaicas, com material mais fino extravasado dos canais nas cheias. Sedimentos clásticos depositados em zonas estuarinas e, para alguns autores (ex.gr. AGI), sedimentos terrígenos trabalhados diretamente por ondas nas zonas costeiras marinhas ou lacustrinas também são considerados aluviões.
Os depósitos aluviais são muito retrabalhados e mutáveis devido à erosão fluvial. Depositados durante as secas ou nos locais de remansos quando cai a energia da corrente do rio, vão ser, em seguida, erodidos pela força da água da cheia ou pela mudança do curso do rio. Estruturas de estratificação cruzada de canal cut and fill são formadas assim.
Normalmente são depósitos clásticos mal classificados e mal selecionados, de cascalho, areias e lamas, podendo ocorrer depósitos de blocos maiores, às vezes bem arredondados nas regiões elevadas das cabeceiras com maior energia fluvial.
Apresentam maior desenvolvimento nas planícies de inundação, com lamas (silte e argilas) por extensas áreas, e em sopés de montanhas como leques aluviais, com depósitos comuns de fanglomerados e areias associados que atingem boa expressão areal e grandes espessuras. Os depósitos aluvionares, normalmente muito férteis para a agricultura, tem sido fator da maior importância para o desenvolvimento das sociedades humanas.


Assoreamento é a obstrução, por sedimentos, areia ou detritos quaisquer, de um estuário, rio, baía, lago ou canal.
No Brasil é uma das causas de morte de rios, devido à redução de profundidade. Os processos erosivos, causados pelas águas, ventos e processos químicos, antrópicos e físicos, desagregam solos e rochas formando sedimentos que serão transportados. O depósito destes sedimentos constitui o fenômeno do assoreamento.
O assoreamento é um fenômeno muito antigo e existe há tanto tempo quanto existem os mares e rios do planeta, e este processo já encheu o fundo dos oceanos em milhões de metros cúbicos de sedimentos.
Porém o homem vem acelerando este antigo processo através dos desmatamentos, que expõe as áreas à erosão, a construção de favelas em encostas que, além de desmatar, tem a erosão acelerada devido à declividade do terreno, as técnicas agrícolas inadequadas, quando se promovem desmatamentos extensivos para dar lugar a áreas plantadas, a ocupação do solo, impedindo grandes áreas de terrenos de cumprirem com seu papel de absorvedor de águas e aumentando, com isso, a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial e das grandes emissões gasosas.
O assoreamento não chega a estagnar um rio, mas pode mudar drasticamente seu rumo. O assoreamento pode acabar com lagos.
A deposição de sedimentos em reservatórios é um grande problema no Brasil, pois a maioria da energia consumida vem de usinas hidroelétricas. No caso da Usina hidrelétrica de Tucuruí, por exemplo, foi calculado em 400 anos o tempo necessário para o assoreamento total do reservatório da barragem.
Apesar de não "matar" os rios, o assoreamento pode aumentar o nível de terra submersa e ajuda a aumentar os níveis das enchentes.

Um deslizamento de terra (também chamado de escorregamento de terra) é um fenômeno geológico que inclui um largo espectro de movimentos do solo, tais como quedas de rochas, falência de encostas em profundidade e fluxos superficiais de detritos. Embora a ação da gravidade sobre encostas demasiado inclinadas seja a principal causa dos deslizamentos de terra, existem outros factores em ação:
  • A erosão pelos rios, glaciares ou ondas oceânicas cria encostas demasiado inclinadas.
  • As encostas de rocha e solo são enfraquecidas por via da saturação com água proveniente do degelo ou de grandes chuvas.
  • Sismos criam tensões que levam à falência de encostas frágeis.
  • Erupções vulcânicas produzem depósitos de cinzas soltas, chuvas fortes e fluxos de detritos.
  • Maquinaria, o tráfego, explosões e mesmo trovões causam vibrações que podem accionar a falência de encostas frágeis.
  • O excesso de peso por acumulação de chuva ou neve, deposição de rochas ou minérios, pilhas de resíduos ou criado por estruturas feitas pelo homem podem também acumular tensões sobre encostas frágeis até à sua falência.
  • Aluimento - Em geologia, chama-se aluimento a um tipo de deslizamento de terras sobre outro local de menor altitude, que pode ser provocado pelo avanço dos glaciares, por chuva intensa ou por um terramoto (ou terremoto, como se diz no Brasil). Este fenómeno pode dar-se tanto em terra como no fundo dos oceanos.
A erosividade das chuvas pode ser definida como a capacidade potencial das mesmas em causar erosão. A sua atuação inicia na primeira fase do processo que é a desagregação, ou seja, a destruição dos agregados que compõem a estrutura do solo. O impacto direto das gotas de chuva na superfície descoberta do solo, dada sua energia cinética, promove a anulação das forças que mantinham os agregados estáveis. Assim, os diferentes constituintes dos agregados ficam dispersos e, por apresentarem pequena massa, são passíveis de remoção. O escorrimento superficial se encarrega de transportar estes materiais para as partes mais baixas do terreno ou para os açudes e rios. Evidentemente que a remoção continuada destes constituintes acaba por trazer ao solo uma série infindável de danos como, por exemplo, a destruição dos agregados, a exposição de horizontes inferiores, a retirada da matéria orgânica e nutrientes, a redução da aeração e infiltração da água. Esta agressão continuada proporciona, ainda, considerável declínio na produtividade do solo, trazendo consigo sérios reflexos econômicos e sociais que acabam por desvalorizar as áreas e contribuir para o êxodo rural (HUDSON, 1977; LAGO, 1985; BERTONI & LOMBARDI NETO, 1990).

A erosividade das chuvas é uma característica sobre a qual não é possível exercer qualquer tipo de controle. A capacidade das chuvas em provocar erosão é dependente de suas características físicas como intensidade, tamanho e velocidade terminal das gotas. Estas características definem a energia cinética no momento do impacto contra o solo. Outras características temporais como duração e freqüência são também importantes na definição do potencial erosivo das chuvas de uma região. Além da intensidade e energia cinética também é relevante a duração da chuva, que é o complemento da intensidade e a combinação dos dois determina a chuva total. Dependendo da duração e da intensidade da chuva, os efeitos sobre as perdas de solo serão mais ou menos significativos (LAGO, 2000).

Neste contexto, a freqüência das chuvas é um fator que influencia sobremaneira as perdas de solo. Se os intervalos entre as chuvas erosivas forem curtos e o teor de umidade no solo for alto a possibilidade das chuvas desenvolverem enxurradas maiores é significativo, mesmo com chuvas de baixa intensidade (WISCHMEIER & SMITH, 1978).

O conhecimento das características físicas da chuva e sua relação com o potencial erosivo foi impulsionado pelos trabalhos de Laws & Parsons (1943) e Best (1950) que estudaram o tamanho e distribuição das gotas de chuva e sua relação com a intensidade das precipitações e com a velocidade de impacto na superfície. Concluíram que as precipitações de maior intensidade também são as de maior potencial em provocar erosão.

Laws (1941) conseguiu medir, através de método fotográfico, a altura que as gotas de chuva de diferentes tamanhos necessitavam para atingir 95% de sua velocidade terminal e concluiu que as gotas menores adquirem mais rapidamente sua velocidade terminal. Baseados nestas observações Wischmeier & Smith (1958) concluíram, para diversas localidades dos Estados Unidos, que, quando os demais fatores condicionantes do processo de erosão são mantidos constantes, a perda de solo de uma área desprovida de vegetação é diretamente proporcional ao produto de duas características da chuva: energia cinética e sua intensidade máxima em 30 minutos. À associação da energia cinética total de uma chuva multiplicada pela intensidade máxima em 30 minutos denominaram índice de erosividade (EI30). Essa foi a melhor correlação encontrada para expressar o potencial erosivo das chuvas e chamaram-na de índice de erosão.

Segundo Hudson (1977) a erosividade das chuvas nas regiões tropicais e subtropicais é muito mais significativa do que em regiões de clima temperado. Considerou que apenas 5% das chuvas em clima temperado têm capacidade erosiva, enquanto que 40% em clima tropical possuem esta capacidade. Outro aspecto salientado são as intensidades de precipitação que podem ultrapassar 150mm h-1 nas regiões tropicais e raramente excedem os 75mm h-1 nas regiões de clima temperado. Hudson (1977) ainda destaca a variação mensal e estacional dos índices de erosividade que aumentam dos meses de primavera para os de verão e diminuem dos meses de outono para os de inverno. Esta informação é de grande valia para o planejamento das atividades conservacionistas, pois o conhecimento antecipado permite a utilização de técnicas adequadas para minimizar os seus efeitos.

A metodologia proposta por Wischmeier (1959) para estimativa da capacidade erosiva das chuvas requer a utilização de registros pluviográficos. Através da leitura dos pluviogramas é possível a determinação da energia cinética e a intensidade máxima de precipitação em 30 minutos. Utilizando-se esta metodologia foram definidas as linhas isoerodentes dos Estados Unidos, iniciadas por Wischmeier (1962) e concluídas por Wischmeier & Smith (1978). Os trabalhos desenvolvidos por Lombardi Neto (1977), Lago (1984), Bertol (1993), Bertol (1994), Lago (2000), Santos (2003), Santos (2008), Moreira (2006) e Cogo, Eltz e Cassol (2006) para diferentes regiões, demonstram a validade do método para as condições brasileiras.

Existem marcantes diferenças regionais no que se refere à erosividade das chuvas. Os meses do ano onde se concentram os mais altos índices coincidem, normalmente, com os de chuvas de mais alta intensidade. No entanto, a correlação entre precipitação total e índice de erosividade das chuvas é baixa (HUDSON, 1977).

Por outro lado, a escassez de registros pluviográficos tem levado ao desenvolvimento de equações que correlacionam os índices de erosividade com a precipitação total, mensal ou a precipitação erosiva diária.

Vários pesquisadores encontraram índices ou equações que permitiram avaliações confiáveis da capacidade erosiva das chuvas utilizando registros pluviométricos. Os resultados obtidos por Fournier (1960) comprovaram a possibilidade de estimativas com boas correlações com as perdas de solo. Os trabalhos deste pesquisador indicam que os parâmetros utilizados na estimativa da erosividade podem ser dependentes de condições locais como localização geográfica, topografia e tipo de medida. Constatou-se, ainda, que seria difícil o estabelecimento de um parâmetro de uso universal.

Arnoldus (1977) modificou o Coeficiente de Fournier substituindo a precipitação média do mês de maior precipitação pela precipitação média mensal e conseguiu bons resultados no mapeamento das isoerodentes do Marrocos. Ressaltou, entretanto, a necessidade de separar a área a ser mapeada em regiões climáticas homogêneas. Roose (1977) em pesquisas realizadas em 20 estações meteorológicas no Oeste da África encontrou boa relação entre erosividade anual e precipitação anual, possibilitando o mapeamento das isoerodentes da região. No Uruguai, Pannone et al. (1983) definiram as isoerodentes utilizando o método do EI30 combinado com o coeficiente de chuva de Fournier (1960). Mikhailova et al. (1997) definiram as isoerodentes de Honduras utilizando registros pluviométricos correlacionados com o EI30 de Wischmeier.

Esta alternativa, que embora apresente limitações por não utilizar as intensidades das precipitações, tem proporcionado uma ampliação nas estimativas da erosividade também em algumas regiões brasileiras.

Através da metodologia proposta por Wischmeier (1959), adaptada por Cabeda (1976) e expressa em unidades do Sistema Internacional de acordo com Foster et al. (1981) e da modificação do Coeficiente de Fournier, Lago (2000), determinou os índices de erosividade das chuvas para a Metade Sul do Rio Grande do Sul, Moreira (2006) determinou os índices de erosividade das chuvas das regiões agroecológicas Campanha ,São Borja – Itaqui, Missioneira de Santo Ângelo – São Luiz Gonzaga e Alto Vale do Uruguai do Estado do Rio Grande do Sul, e Santos (2008) determinou os índices de erosividade para todo o Estado do Rio Grande do Sul, tendo ambos traçado as linhas isoerodentes das regiões estudadas.

   
    

Áreas Degradadas por Processos Erosivos

Áreas Degradadas por Processos Erosivos

A bacia hidrográfica é uma unidade ecossistêmica e morfológica que integra os impactos das interferências antrópicas sobre os recursos hídricos (Jenkins et al., 1994). Constitui um sistema aberto que recebe energia e materiais solúveis. Em função das mudanças de entrada e saída de energia, ocorrem ajustes internos nos elementos das formas e nos processos associados.
Mudanças significativas no comportamento das condições naturais de uma bacia, causadas por processos naturais ou atividade antrópicas, podem gerar alterações, efeitos e /ou impactos nos seus fluxos energéticos, desencadeando desequilíbrios ambientais e, portanto, a degradação da paisagem. Dentre os processos causadores dessa degradação, destaca-se a erosão dos solos.
A erosão é um processo geológico exógeno e contínuo responsável pela remoção e pelo transporte de partículas do solo, principalmente pela ação da água das chuvas. É um importante agente na modelagem da paisagem terrestre e na redistribuição de energia no interior da bacia hidrográfica.
Estudos clássicos de diversos autores (Morgan, 1996; Stocking, 1987; Lal, 1990; Daniels & Hammer, 1992) demonstram que a interferência antrópica no solo, através de procedimentos e estratégias inadequadas de manejo, provocam do desenvolvimento e/ou a aceleração dos processos erosivos e o comprometimento dos recursos hídricos. Estimativas recentes para o Estado de São Paulo indicam que, por efeito de erosão, as taxas de perda de solo atingem 130 milhões de ton/ano (Beltoni & Lombardi Neto, 1990).
A erosão dos solos em uma bacia hidrográfica está principalmente associada ao impacto das gotas de chuva no solo (splash), ao escoamento superficial das águas e à infiltração de água nos solos. Os processos erosivos podem atuar em dois locais principais: encostas (erosão laminar e erosão linear ou de fluxo concentrado) e ao longo dos canais fluviais (erosão fluvial).
O desenvolvimento de processos erosivos nas encostas depende de fatores climáticos, das características geológico-geomorfológicas (topografia, litologia, estruturas geológicas, grau de intemperismo e tipo de solo), do tipo e nível de degradação da cobertura vegetal e fatores antrópicos (tipos de uso, de ocupação e de manejo do solo).
Ao longo dos canais fluviais os processos erosivos ocorrem na forma de erosão lateral e erosão de fundo (entalhamento do leito). Além dos condicionantes citados anteriormente, a erosão fluvial depende também do regime hidráulico dos canais que compõem a bacia de drenagem.
Os impactos que os processos erosivos causam nos recursos hídricos podem ocorrer em níveis local e regional, sendo associados principalmente a: modificações na hidráulica fluvial e na dinâmica de sedimentação fluvial; assoreamento de rios e de reservatórios, provocando o aumento da freqüência das inundações e a ampliação das áreas atingidas por elas; comprometimento de mananciais; comprometimento generalizado da qualidade e do volume das águas superficiais e subterrâneas; contaminação das águas por defensivos agrícolas e resíduos sólidos urbanos e industriais; perda de solos férteis e/ou aráveis; diminuição da produção primária e dos recursos pesqueiros.
Neste relatório, serão abordados apenas os processos erosivos que ocorrem nas encostas, tendo em vista a maior importância dos mesmos, em termos de área e magnitude, na degradação ambiental das paisagens cultivadas, como é o caso da Bacia do Alto Paranapanema. Não obstante, a atuação desses processos tem efeitos diretos no regime hidráulico fluvial e na dinâmica de sedimentação das bacias hidrográficas. Neste sentido, os processos de erosão fluvial tornam-se mais ativos nas áreas degradadas por erosão nas encostas.
Da mesma forma, modificações no comportamento natural dos canais fluviais influenciam os processos que se registram nas encostas. Obras de engenharia como diques, anteparos para conter a erosão lateral, canalizações, aprofundamento e alargamento de leitos e barragens geram alterações no nível de base local e no regime hidráulico de erosões laminar e de fluxo concentrado.
   

 

Aos que curtem natureza, em defesa do nosso Planeta - GEOGRAFIA CIÊNCIA DA TERRA